sexta-feira, 27 de maio de 2011

Resenha - São Bernardo, de Leon Hirszman

São Bernardo: o céu e o inferno de Paulo Honório

O filme de Leon Hirszman baseado no livro de Graciliano Ramos, São Bernardo de 1934, procura ser o mais fidedigno possível ao texto, com isso o filme tem uma narrativa bem objetiva e os atores são sempre muito restritos em suas ações. O enquadramento das cenas, quase sempre, é fechado nos personagens, porém nas cenas em que apresentam paisagens ela amplia a sua abertura.

A história do livro é sobre as memórias de Paulo Honório, sendo assim o que temos é o olhar do personagem sobre essas reminiscências de uma forma bem subjetiva e intimista. Diante do exposto temos, a seguir, alguma considerações sobre o filme, que mostram apenas um recorte captado pelo espectador que escreveu essas linhas.

Realizar os nossos sonhos e objetivos nos dar o sentido de viver, porém, nem sempre ao alcançá-los parece que conseguimos a tão desejada realização. Talvez muitos fatores vão se colocar em nossa frente e quando os caminhos seguidos para atingi-los não se preocupam com os meios, então...

Ao conseguir a posse tão almejada da Fazenda São Bernardo Paulo Honório conseguiu atingir o maior objetivo da sua vida, mesmo que tenha sido de uma forma um tanto desonesta. No entanto ainda lhe faltava alguma coisa, isto é, um herdeiro e consequentemente uma esposa. Esta ele conseguiu como se estivesse fazendo um negócio, como tudo em sua vida.

A chegada de Madalena na fazenda faz com que o confronto comece a aparecer, isto é, de um lado um homem forjado na dureza de suas idéias de latifundiário e do outro a figura da mulher que parece ser frágil, no entanto essa fragilidade é apenas física, pois a mesma possui pensamentos bastante avançados para a época. Quando ela aceitou o casamento com Paulo Honório viu uma perspectiva de mudança em sua vida medíocre de professora. 

Paulo Honório, apesar de sua esperteza, colocou dentro da fazenda o antigo dono dela: Padilha. Madalena e Padilha se unem nos pensamentos avançados e parece que o objetivo de Padilha era outro, no sentido de que ele não tinha nada a agradecer a Paulo Honório e queria ver sua decadência.

O ciúme doentio se apossa de Paulo Honório e a morte de Madalena, por motivo de doença, parece que iria trazer uma luz na escuridão em que vivia a alma de Paulo, porém o mesmo entra em um estado de letargia e sofrimento, em suas noites ele pensa que poderia ter sido tudo diferente se ele tivesse agido de forma diferente.

A máxima popular “pau que nasce torto morre torto” nos aparece nos últimos pensamentos de Paulo Honório, pois ele conclui que se pudesse voltar ao passado tudo iria ser igual ao que foi, porque ele não mudaria e agiria do mesmo modo.

Marcilio Martins de Oliveira. Professor de Matemática da Escola Estadual Antonia Cavalcanti, Caruaru / PE. Professor da Faculdade de Formação de Professores de Belo Jardim/FABEJA.

Mestre em Ensino de Ciências e Matemática. Advogado. 

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