sexta-feira, 27 de maio de 2011

Última semana do Curso de Cinema no Brasil

Na segunda-feira estaremos em Camaragibe para concluir o projeto Curso de História do Cinema no Brasil.

Data: 30/05 a 3/06, das 18 às 22h 
Local: Escola Carlos Frederico, R. Oscar André de Albuquerque, 118 


Se você não mora e nem conhece muito bem Camaragibe, saiba como chegar na escola, onde será o curso:


A escola de referência Prof. Carlos Frederico fica no bairro Timbí, em Camaragibe.  Seguir pela Av. Belminio Correa e após o metrô de Camaragibe, pegar a  primeira rua à esquerda no sinal, antes do posto Shell. A escola pode ser identificada por um portão azul do lado direito, nesta rua passa o ônibus para Santa Mônica.


Qualquer dúvida basta ligar para escola: (81) 3458-2981


Resenha - São Bernardo, de Leon Hirszman

São Bernardo: o céu e o inferno de Paulo Honório

O filme de Leon Hirszman baseado no livro de Graciliano Ramos, São Bernardo de 1934, procura ser o mais fidedigno possível ao texto, com isso o filme tem uma narrativa bem objetiva e os atores são sempre muito restritos em suas ações. O enquadramento das cenas, quase sempre, é fechado nos personagens, porém nas cenas em que apresentam paisagens ela amplia a sua abertura.

A história do livro é sobre as memórias de Paulo Honório, sendo assim o que temos é o olhar do personagem sobre essas reminiscências de uma forma bem subjetiva e intimista. Diante do exposto temos, a seguir, alguma considerações sobre o filme, que mostram apenas um recorte captado pelo espectador que escreveu essas linhas.

Realizar os nossos sonhos e objetivos nos dar o sentido de viver, porém, nem sempre ao alcançá-los parece que conseguimos a tão desejada realização. Talvez muitos fatores vão se colocar em nossa frente e quando os caminhos seguidos para atingi-los não se preocupam com os meios, então...

Ao conseguir a posse tão almejada da Fazenda São Bernardo Paulo Honório conseguiu atingir o maior objetivo da sua vida, mesmo que tenha sido de uma forma um tanto desonesta. No entanto ainda lhe faltava alguma coisa, isto é, um herdeiro e consequentemente uma esposa. Esta ele conseguiu como se estivesse fazendo um negócio, como tudo em sua vida.

A chegada de Madalena na fazenda faz com que o confronto comece a aparecer, isto é, de um lado um homem forjado na dureza de suas idéias de latifundiário e do outro a figura da mulher que parece ser frágil, no entanto essa fragilidade é apenas física, pois a mesma possui pensamentos bastante avançados para a época. Quando ela aceitou o casamento com Paulo Honório viu uma perspectiva de mudança em sua vida medíocre de professora. 

Paulo Honório, apesar de sua esperteza, colocou dentro da fazenda o antigo dono dela: Padilha. Madalena e Padilha se unem nos pensamentos avançados e parece que o objetivo de Padilha era outro, no sentido de que ele não tinha nada a agradecer a Paulo Honório e queria ver sua decadência.

O ciúme doentio se apossa de Paulo Honório e a morte de Madalena, por motivo de doença, parece que iria trazer uma luz na escuridão em que vivia a alma de Paulo, porém o mesmo entra em um estado de letargia e sofrimento, em suas noites ele pensa que poderia ter sido tudo diferente se ele tivesse agido de forma diferente.

A máxima popular “pau que nasce torto morre torto” nos aparece nos últimos pensamentos de Paulo Honório, pois ele conclui que se pudesse voltar ao passado tudo iria ser igual ao que foi, porque ele não mudaria e agiria do mesmo modo.

Marcilio Martins de Oliveira. Professor de Matemática da Escola Estadual Antonia Cavalcanti, Caruaru / PE. Professor da Faculdade de Formação de Professores de Belo Jardim/FABEJA.

Mestre em Ensino de Ciências e Matemática. Advogado. 

Resenha 2 - São Bernardo, de Leon Hirszman

Espelho de um conflito humano

Ao assistir este filme devo confessar meu mal estar. Mal estar físico mesmo. Senti-me cansada, um peso enorme sobre meus ombros e um sentimento inquietante de fragilidade. O que forma o ser humano? Em que momento nos perdemos? Até que ponto nossas ações atingem o outro? Tantas coisas acontecem que endurecem nossos corações e nem mesmo percebemos.

Seu Paulo tinha um sonho, desejava possuir a fazenda em que ele trabalhou tão arduamente quando menino. Uma busca pela superação de si mesmo. Um menino que não possuía nada, nem mesmo família, um dia se tornar o dono do lugar que traz tantos símbolos de grandeza para ele. Sim, superação ele queria, e para isso ele não mediu esforços e sacrifícios, sacrifícios esses não só do próprio Paulo Honório, mas daqueles a sua volta.

Seu Paulo somos nós, com nossos padrões do que é vencer pré-estabelecidos, com nossos olhos naquilo que não temos. Do que temos coragem de abrir mão para consegui-lo?

Muitas vezes abrimos mão de nossa própria humanidade, da nossa capacidade de nos compadecer e nos ver semelhantes aos outros e o próximo torna-se apenas um concorrente, uma pedra no caminho, um degrau, um acessório. Formas sem rostos ou sentimentos, avaliados de acordo com o quão atrapalham ou auxiliam em nossos planos. “São apenas bichos, nasceram bichos, morrerão bichos”.

Não percebemos o quão fechados estão nossas mentes e corações na busca cega do que “achamos” que precisamos e deixamos nos perder. Nossos olhos estão fechados para a nossa Madalena. Madalena que é a compreensão, a doçura, o amor, a simplicidade. Não há lugar para Madalena em nossas vidas, mas ela esta lá, sendo negligenciada, sufocada. Sua presença causa desconforto por que não a compreendemos mais. Mas nós a queremos desesperadamente.

Agora chegamos ao conflito maior, pois todas as certezas que tínhamos foram confrontadas.  Faz parte do ser humano amar, mas nós nos deixamos esquecer disto pelo mundo competitivo em que todos são meus inimigos, e ai é tarde demais, Madalena já se foi e tudo que queríamos tanto, sem o afeto, a compreensão, a proximidade com o outro, já não possui mais sentido.

Esse filme é o retrato do que vivemos hoje. Foi, é e será sempre difícil e impactante de se ver porque retrata a jornada de um personagem impressa na nossa própria e nos mostra o fim que poderemos chegar, teremos tudo e estaremos vazios e sós.

Aline Oliveira da Silva. Estudante do curso de Design na Universidade Federal de Pernambuco - Campus Acadêmico do Agreste, Caruaru/PE.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Resenha - Viajo porque preciso, Volto porque te amo, de Karim Aïnouz e Marcelo Gomes

 
Um road movie instigante,sensível,maravilhoso que nos deixa ser o protagonista,uma vez que o personagem narra o tempo todo sem aparecer diante da câmera subjetiva de um diretor que nos arrebata com inteligência e inovação. A paisagem seca,árida do sertão harmoniza-se com o deserto interior de José Renato, geólogo que está  viajando a trabalho, avaliando o possível percurso do canal da transposição do Rio São Francisco.


A trilha sonora interage bem com a saudade da "galega" que é botânica e gosta de flores... Ele gosta de pedra...Talvez daí o "pé-na-bunda" que levou dela? A monotonia toma conta. Ele tenta fingir que ela o espera em casa, até que a realidade nua e crua dos aspectos físicos e emocionais da vida nos rincões sertanejos, o toca.

Além do necessário para seu trabalho, José Renato grava o que vê, então experimentamos sensibilidade e delicadeza com belas e reflexivas imagens que revelam o potencial e latente impulso do viver verdadeiramente uma "vida-lazer” (ter uma casa filhos e alguém que esteja sempre presente) com que sonha a prostituta e todos nós.

A imagem meio surreal do colchão jogado ao léu,colorido,florido num chão seco, uma árvore resistente, algumas cabras. Uma possível noite úmida com alguém. Um menino que cheira a "testosterona". Um casal que dança com seu bebê nos braços. A feira de Caruaru em meio ao caos da arrumação... Há roda gigante, circo e naturalmente estrada com bela e mutante luz.

José Renato viaja porque ama. Não cura a dor,mas "alivia o juízo",e talvez não volte, ou só quando o dever chamar. O que ele vê o leva à transcendência. Viajando suplanta o deserto afetivo e seus temores. As imagens instigantes fazem a gente (ser) tão forte. Saímos de uma estrada físico-emocional árida e seca para uma com bastante água: "Os homens de Acapulco" mergulhando.  E o diretor nos deixa ser um caminho, uma verdade e a vida. 

Rubeneide Araújo – Ceja Cícero Franklin Cordeiro - Arcoverde/PE

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Confirmado locais dos cursos na Grande Recife!


Ambas escolas, divulgadas por email e através do blog, estão prontas para receber nas próximas semanas os participantes do curso de cinema na região metropolitana. As informações seguem abaixo:


Jaboatão dos Guararapes - 23 a 27/05, das 18 às 22h
Escola Rodolfo Aureliano, Pça Nossa Sra do Rosário, 665
Telefone da escola: 3481-0246

Camaragibe - 30/05 a 3/06, das 18 às 22h 
Escola Carlos Frederico, R. Oscar André de Albuquerque, 118 
Telefone da escola: 3458-2981

terça-feira, 10 de maio de 2011

Resenha – Deserto Feliz, de Paulo Caldas

O DESERTO NOSSO DE CADA DIA

O sertão nordestino ocupa um importante espaço no universo cinematográfico nacional. Seja pela busca por uma denúncia social panfletária ou através da representação do “universo popular armorial”, esta região inspirou (e ainda inspira) a sétima arte em diversos ciclos da história do cinema brasileiro que apresentam diversos olhares sobre este espaço.
“Deserto feliz” é uma obra significativa ao fazer menção ao cunho regional imerso na universalidade: o conflito existencial das personagens não se encontra fincado na aridez do sertão, ultrapassando fronteiras geográficas. Sendo uma co-produção entre Brasil e Alemanha, o filme estreou no Festival de Berlim em 2007, conquistando importantes prêmios em festivais nacionais e internacionais.
Provocativo, o filme foi exibido na 3ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América Latina, organizado pela Fundação Joaquim Nabuco, em 2008.  A escolha foi pertinente, considerando que o tráfico de mulheres e a exploração sexual têm adquirido cada vez mais visibilidade na pauta contemporânea: denúncias internacionais sinalizam a necessidade de ações conjuntas e táticas de enfrentamento a diversas rotas. Neste sentido, a vivência de Jéssica, menina que abandona o sertão após sofrer constantes abusos do padrasto e sobrevive no Recife através dos ganhos da prostituição, não se limita a uma realidade local. Sua crise existencial é a representação de um deserto interior, onde não é possível florescer esperança em dias melhores.
A linguagem é visceral, agressiva e consonante com a ambientação, incomodando o público mais conservador que fecha os olhos para o seu próprio deserto.  No “Deserto Feliz”, a felicidade torna-se tão efêmera quanto o efeito do álcool e outras drogas que transitam livremente pelos bares e quitinetes brasileiros, ou até mesmo no apartamento alemão.
Se o título do filme faz alusão à felicidade, contraditoriamente, não se materializa no cotidiano das personagens. Por mais que a personagem principal sonhe com a “terra prometida” contida nos versos do tecnobrega. O que permanece é o olhar distante e saudoso da personagem Jéssica, a rota de prostituição que liga o Brasil aos países europeus, a marginalização das populações periféricas que estimulam a incerteza da velhice de tantas “Marias”. Esse deserto nosso de cada dia que parece não chocar tanto quanto o filme de Paulo Caldas.
Incoerentemente, a realidade parece ser suportável, mas quando se transpõe para as telas, a invisibilidade do “ver não vendo” não se torna mais possível, a realidade ressignificada mostra sua mais dura face. O deserto está dentro e diante de nós. E não é nada feliz.

Dayvison Leandro dos Santos, Professor da Escola Estadual São José. Carpina/PE

Dayvison recebe certificado da professora Amanda

segunda-feira, 9 de maio de 2011

domingo, 1 de maio de 2011

AGENDA DOS CURSOS

 Confira as datas do Curso de Cinema no Brasil em seu município!

DIA   HORÁRIO CIDADE LOCAL




09 a 13 de maio  das 8 h  às 12 h Arcoverde GRE Sertão do Moxotó: Arcoverde
16 a 20 de maio  das 8 h  às 12 h Caruaru Escola Vicente Monteiro (pça Julio de Mello)
23 a 27 de maio  das 18 h às 22 h Jaboatão dos Guararapes Escola Rodolfo Aureliano  (em frente ao Shopping Yapoatan)
30 de maio a  03 de junho  das 18 h às 22 h Camaragibe Escola Carlos Frederico (subida de Sta Mônica)